Para: Dom José – Bispo da Arquidiocese de São João Del Rei, Dom Walmor – Arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte/Presidente da CNBB e Padre Alisson Sacramento da Paróquia de Santo Antônio em Tiradentes -MG
Senhor Padre abre a porta, povo negro quer entrar!
A Federação dos Congados/Reinados de Nossa Senhora do Rosário do Estado de Minas Gerais, unida à guarda de congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia solicita sua assinatura nesse abaixo assinado.
A Associação Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, fundada em 2010, está PROIBIDA de realizar desde agosto de 2019, suas celebrações em honra a Nossa Senhora do Rosário nas dependências da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no município de Tiradentes – MG.
O objetivo desse abaixo assinado, é exigir que os senhores Dom José – Bispo da Arquidiocese de São João Del Rei, Dom Walmor – Arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte/Presidente da CNBB e Padre Alisson Sacramento da Paróquia de Santo Antônio em Tiradentes, revoguem a ordem que proíbe o acesso da guarda de Congado/Reinado as dependências da igreja de Nossa dos Rosário dos Pretos no município de Tiradentes – MG.
A narrativa de uma igreja do povo e com o povo, nos faz questionar: A igreja é para todos os povos ou para alguns?
Tal fato reforça que esta instituição religiosa continua omissa para o cuidado dos menos favorecidos. Após mais de 100 anos a história se repete, mais uma vez os negros e negras são impedidos de adentrar os templos religiosos cristãos, batem a porta e é negado acesso a um espaço teoricamente público.
Recordamos com lágrimas nos olhos do período escravocrata, em que às embarcações abarrotadas de negros eram “purificadas” com água benzida por um padre que não respeitava à identidade étnica deste povo. Após essa “faxina”, a carga negra estava pronta para permanecer escravizada nesse território, nessa Tiradentes onde estão gravadas tantas histórias de dor e sofrimento por suas ruas, becos e casarões.
Tentam silenciar os tambores Congado do Capitão Prego enquanto isso, ecoa a voz do padre ao microfone que com toda sua autoridade e sutileza continua seus trabalhos dentro da igreja construída por negros que foram escravizados, pouco se importando de ter silenciado uma manifestação religiosa e de grande importância para a cidade.
A situação se arrasta há quase um ano e meio. A irmandade parece ser invisível em seu próprio território. A omissão da igreja com o apoio do mais alto em sua hierarquia na cidade e toda Diocese incomodou a mídia que assim, ouviu e visibilizou os negros que estão batendo a porta.
Não é somente a pandemia que decretou pausa das festividades, mais também o racismo religioso. Solicitamos aqui uma reparação histórica e reforçamos que não seremos coniventes com tamanho abuso de poder.
Libere o acesso da irmandade a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, já!
Assine, compartilhe, divulgue!
ASSINAR Abaixo-Assinado